J. SANTOS GRAÇA – “80 ANOS DE HISTÓRIA NA ÁREA DAS FRAGRÂNCIAS, AROMAS E CORANTES”

FUNDADA EM 1945 COMO EMPRESA FAMILIAR, A J. SANTOS GRAÇA É HOJE UMA REFERÊNCIA NACIONAL EM FRAGRÂNCIAS, AROMAS E CORANTES, FORNECENDO SETORES TÃO DIVERSOS COMO A INDÚSTRIA ALIMENTAR, FARMACÊUTICA, COSMÉTICA E DE DETERGENTES. COM PARCERIAS INTERNACIONAIS DE PRESTÍGIO E UMA FORTE APOSTA EM TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE, A EMPRESA CONSOLIDOU A SUA PRESENÇA DENTRO E FORA DE PORTUGAL. FRANCISCO ALMEIDA, CEO DA J. SANTOS GRAÇA, RECORDA MAIS

COMO INICIOU A SUA LIGAÇÃO À J. SANTOS GRAÇA?

Eu já estou na empresa há mais de 40 anos. Entrei muito jovem, numa altura em que o meu pai já estava na empresa com outro sócio. Quando esse sócio se reformou, eu e os meus irmãos entrámos no negócio. Entretanto, eles já saíram e hoje sou sócio apenas com a minha filha, que espero que venha a dar continuidade. É um negócio de família, que foi crescendo ao longo de décadas.

ATUALMENTE, QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO?

Hoje trabalhamos, essencialmente, com aromas, fragrâncias e corantes. Essa especialização deu-nos uma grande vantagem competitiva, porque permite-nos oferecer soluções testadas e validadas, tanto internamente como junto dos nossos clientes. Quando vamos para o mercado, já sabemos como o produto funciona, qual é o resultado e qual é a opinião dos consumidores.

O SETOR DAS FRAGRÂNCIAS É MUITO COMPETITIVO. COMO TÊM MANTIDO A LIDERANÇA?

Temos uma forte componente produtiva, o que nos dá flexibilidade e reduz riscos. A concorrência não pode ter o mesmo stock que nós, porque não tem como escoar em caso de falha. Nós temos sempre clientes alternativos.

Além disso, trabalhamos com três das maiores empresas mundiais da área dos perfumes e aromas, em França e na Suíça, algumas com quase 200 anos de história. Sermos representantes destas casas em Portugal (DALLANT, ROBERTET, FIRMENICH, SANCOLOR e COBIOSA) dá-nos muito orgulho e garante confiança no futuro.

PARA ALÉM DAS FRAGRÂNCIAS, TAMBÉM FORNECEM AROMAS ALIMENTARES…

Trabalhamos para a indústria alimentar, cosmética e de detergentes. No setor alimentar, fornecemos aromas que asseguram homogeneidade e qualidade durante todo o ano, algo essencial para grandes produções. Não podemos depender de variações da natureza. O nosso papel é garantir que um produto tem sempre o mesmo sabor, a mesma fragrância, a mesma qualidade, com toda a segurança alimentar exigida.

A TECNOLOGIA TEVE UM PAPEL IMPORTANTE NESSA EVOLUÇÃO?

Foi fundamental. Há 30 ou 40 anos a empresa tinha 30 pessoas. Hoje temos 12 colaboradores e faturamos dez vezes mais. A diferença está na tecnologia, na organização e nos processos. Informatização, novos equipamentos e modernização dos escritórios permitiram aumentar a produtividade e responder com mais rapidez e eficácia às necessidades dos clientes.

QUAL É O PESO DA EXPORTAÇÃO NO VOSSO NEGÓCIO?

É muito relevante. Vendemos para países como Espanha, Alemanha, França, Itália e Polónia. Espanha é o nosso maior cliente. Muitas vezes trabalhamos diretamente com os grandes distribuidores, como Continente, Pingo Doce, Lidl ou Intermarché. Quando há novos projetos, desenvolvemos fragrâncias em conjunto com as marcas de distribuição, em que depois somos selecionados como fornecedores exclusivos para aquele produto, independentemente do país onde venha a ser fabricado.

A SUSTENTABILIDADE É HOJE UM TEMA CENTRAL NOS MAIS DIVERSOS SETORES DE ATIVIDADE. COMO É QUE ELA SE REFLETE NO VOSSO SETOR?

As empresas com que trabalhamos têm consciência de que a sustentabilidade tem de ser olhada em várias frentes: ambiente, produtores e comunidades locais. Se não for sustentável para os agricultores, deixa de haver matéria-prima. Por isso, grandes casas internacionais investem em infraestruturas, escolas e centros de saúde nas regiões produtoras de matérias-primas como lavanda, jasmim, rosa ou pachouli. Isso permite fixar populações e garantir que o ciclo se mantém.

A sustentabilidade não é apenas ambiental. É também social e económica. Se não houver pessoas, não há agricultura, e sem agricultura não há matérias-primas.

HOJE O SETOR SABE QUE TEM DE TRATAR BEM A TERRA E AS COMUNIDADES PARA GARANTIR QUE DAQUI A 25 OU 50 ANOS CONTINUAREMOS A TER ACESSO A INGREDIENTES NATURAIS ESSENCIAIS. A INDÚSTRIA DE CONSUMO VALORIZA ESSE ESFORÇO?

Sem dúvida. Multinacionais como Unilever, Procter & Gamble, Colgate ou Coca- Cola exigem matérias-primas consistentes e sustentáveis, com a mesma qualidade em qualquer parte do mundo. Esse compromisso com a sustentabilidade faz parte da competitividade global e dá-nos segurança para o futuro.

QUAIS SÃO AS PERSPETIVAS DE FUTURO PARA A J. SANTOS GRAÇA?

O futuro passa por continuarmos a investir em tecnologia, em novas soluções e em sustentabilidade. Queremos reforçar a internacionalização e consolidar a presença em setores onde já temos experiência, mas também explorar oportunidades em áreas emergentes. O objetivo é manter a essência da empresa familiar, mas preparada para os desafios globais, garantindo sempre a qualidade e a confiança que nos distinguem há 80 anos.