Urban Obras – EMPREENDORISMO FEMENINO NA ARQUITETURA


APÓS ANOS DE EXPERIÊNCIA NO BRASIL, ALINE FONTOURA, CEO DA URBAN OBRAS MAIA AF, ENCONTROU EM PORTUGAL O AMBIENTE IDEAL PARA EXPANDIR A CARREIRA. FOCADA NA AUTENTICIDADE E NA PAIXÃO PELA PROFISSÃO, A ARQUITETA PROCURA A DOSE CERTA DE CRIATIVIDADE PARA ABRAÇAR TODOS OS PROJETOS, SEMPRE ACOMPANHADA POR MULHERES LÍDERES, INOVADORAS E DETERMINADAS.

ONTE-NOS UM POUCO SOBRE O SEU PERCURSO PROFISSIONAL E COMO DECIDIU CRIAR A URBAN OBRAS MAIA AF.

Atuo desde 2017 na área da arquitetura de interiores, remodelações e também em projetos de construção civil no Brasil. Sempre me identifiquei mais com as obras de remodelações e projetos de interiores, apesar de gostar bastante também da área da construção bruta. A ideia de vir para Portugal inicialmente era estudar, fazer um Mestrado em Arquitetura de Interiores (já não penso mais em estudar

atualmente), para só então poder atuar na área da arquitetura na Europa. Não tinha o conhecimento que poderia atuar adquirindo uma franquia. Quando surgiu a oportunidade, decidi conhecer melhor a empresa, e após conhecer identifiquei- me com a maneira de trabalhar e resolvi então assinar o contrato com a franquia e abrir o meu próprio gabinete. Foi a maneira mais coerente que encontrei de continuar a atuar na minha área sem ter ainda um nome profissional aqui em Portugal. Estar num ambiente novo, a fazer algo que gosto e escolhi para vida como profissão, por si só já é motivador.

NA SUA OPINIÃO, QUAL É O PAPEL DIFERENCIADOR DA MULHER EM ÁREAS COMO A ARQUITETURA, ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO?

Por muito tempo, foi uma profissão dominada por homens. Apesar de muitas vezes estarem mulheres por trás das criações e projetos, os mesmos eram assinados por homens, pois elas eram consideradas “incapazes” de o fazer. Não é novidade que o nosso trajeto como mulher na arquitetura é marcado por uma série de dificuldades e conquistas, desde o “tabu” de não ser “coisa de mulher”, até o reconhecimento no exercício da profissão. Acredito que o grande diferenciador seja o olhar crítico e analítico que é natural da mulher, e por mais antagónico que seja, há uma inviabilização histórica do papel da mulher já que ele esteve sempre atrelado à realização de tarefas de cuidado e suporte do lar. Com certeza ainda existe muito a ser feito para o reconhecimento da nossa profissão, começando pelo empoderamento nas universidades, inserindo mais referências femininas na arquitetura e encorajando as mulheres a serem o que quiserem, da forma que quiserem, para que quando duvidarem da nossa capacidade ou nos inferiorizarem, possamos levantar a cabeça e ocupar esse lugar que também é nosso.

A URBAN OBRAS MAIA AF TEM SIDO UM EXEMPLO DE SUCESSO E INOVAÇÃO NO MERCADO. QUAL É A SUA FILOSOFIA DE LIDERANÇA E DE QUE FORMA UTILIZA A CRIATIVIDADE PARA GERIR A EMPRESA?

Acredito que ser autêntica e manter a integridade nas minhas ações é fundamental. A confiança que conquistamos das pessoas depende muito da coerência entre o que falamos e o que fazemos. Gosto de deixar que me vejam agir, para que assim também treinem a habilidade de enfrentar conflitos, resolver problemas, tomar decisões e crescer profissionalmente. Estou sempre aberta a conversar sobre problemas que possam surgir, e juntamente com a minha equipa, encontrarmos a melhor solução. Crio momentos de descompressão junto da equipa, pois momentos de relaxamento

também estimulam a criatividade e aumentam o rendimento no trabalho. Procuro sempre delegar tarefas, mas também estou sempre disposta a auxiliar em todos os processos, o que facilita no processo de adaptação também.

DE QUE FORMA TEM INCENTIVADO E APOIADO A ENTRADA DE NOVAS PROFISSIONAIS MULHERES NO SETOR?

Opto sempre por compor a minha equipa por mulheres, e principalmente que sejam imigrantes, assim como eu, pois sabemos das dificuldades de “reaprender” a profissão num outro país, além de trazer já a bagagem profissional, semelhante, de atuação no nosso país, e que é muito bem aceite e referência em Portugal. O conhecimento é fundamental para um bom desenvolvimento da profissão, tanto na composição dos materiais, como nas técnicas construtivas no momento do acompanhamento da obra, no entendimento da legislação, nas diferentes formas de remodelações e, principalmente, na parte fiscal e económica, que acaba por ser muito diferente do Brasil.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS VALORES QUE PRETENDE TRANSMITIR ÀS NOVAS GERAÇÕES DE MULHERES QUE DESEJAM EMPREENDER NO RAMO DA ARQUITETURA, ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO? QUE CONSELHO DARIA PARA QUEM ESTÁ A COMEÇAR AGORA?

Força galera mulheres!! Vocês podem tudo e são capazes de realizar todos os sonhos que estão dentro de vocês! O medo, a ansiedade, insegurança, aquele sentimento de não ser capaz ou de não ser boa o suficiente para determinada tarefa, não é real. Sempre que der medo, devemos seguir com medo mesmo. Ter coragem para perseguir novos desafios.

Acredito que devemos transmitir esse empoderamento não só sobre a arquitetura e construção, mas acreditar que empreender é sim coisa de mulher, liderar, coordenar, gerir, posicionar-se, expressar opiniões… tudo é coisa de mulher!!