Presente no mercado farmacêutico nacional desde 2003, a Zentiva conquistou o terceiro lugar na categoria dos genéricos. Ana Falé Lopes, diretora geral, apresenta o percurso que levou a Zentiva ao sucesso e explana a importância da sua entrada para o Conselho Fical da APOGEN – Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares.
Presente no mercado há 17 anos, como analisa o mercado de consumo de medicamentos genéricos na Europa? A curva de crescimento tem sido positiva?
Sim é um facto, desde que iniciei o meu percurso no mercado dos genéricos (em 2003) que a evolução quer a nível europeu, quer a nível local foi evidente. Na Europa, tem vindo a ser um processo evolutivo, baseado num trabalho de educação à população sobre o que são genéricos, a sua importância, a possibilidade e o seu direito de escolha.
E em Portugal, como que tem sido esta evolução? Os portugueses são recetivos à compra de medicamentos genéricos?
Em Portugal, a prescrição por DCI (denominação comum internacional) funcionou como uma alavanca para maior consumo de genéricos em detrimento de medicamentos de marca e hoje temos já um consumo de genéricos ao redor dos 48 por cento quando, mas se recuarmos até 2010, este consumo rondava os 31 por cento. Penso que a pouco e pouco os portugueses vão percecionando os genéricos como uma alternativa válida, com a mesma eficácia e segurança a preços mais reduzidos do que os medicamentos de referência e, atualmente, é comum ser o utente a questionar o farmacêutico sobre a existência de um genérico.
A Zentiva ocupa a terceira posição neste mercado. Dos 30 países onde opera, quais são os maiores consumidores de genéricos? Que posição ocupa Portugal? É um mercado de peso?
Em termos de valor económico global, o mercado de genéricos é o principal fornecedor de medicamentos na Europa, permitindo a sustentabilidade dos orçamentos da saúde e representando um contributo fundamental para a economia europeia, quer em termos de emprego, quer em termos de investimento. Países como a Alemanha, a República Checa, Polónia, Inglaterra, Itália e França contribuem muito para este dinamismo.
A Zentiva é realmente um player importante no mercado europeu no que toca aos medicamentos genéricos. Localmente, a filial de Portugal é uma estrutura autónoma recente com 34 colaboradores com uma forte presença neste mercado – posicionando-se atualmente na 8.ª posição -.
Sente que apresentar medicamentos de elevada qualidade e preços acessíveis permite à Zentiva competir com outras farmacêuticas do mesmo ramo? O que vos distingue das demais?
Sei que estes fatores são essenciais para se poder competir neste mercado. Por isso, e como na Zentiva temos a convicção de que a saúde é um direito e não um privilégio, é essencial assegurar que estes dois fatores – alta qualidade e preço acessível – são qualidades garantidas. O que nos distingue é exatamente isso, a preocupação com a acessibilidade aos tratamentos no que toca aos doentes, e a parceria com as farmácias por forma a facilitar essa acessibilidade.
A Zentiva anunciou recentemente um investimento de 30 milhões de euros para expandir a unidade fabril em Praga. Para Portugal está previsto algum investimento adicional para o futuro?
É verdade, foi um investimento muito robusto por forma a garantir o abastecimento regular dos mercados e evitar ruturas de stock e em boa hora, pois esse foi um dos fatores que também permitiu que em plena pandemia, fosse dada uma resposta à crescente procura em tempo útil. Para Portugal e uma vez que faz parte do plano estratégico de desenvolvimento da Zentiva, sim, também estão previstos investimentos nos próximos 3-5 anos por forma a permitir a expansão da estrutura, do portfólio e a entrada em novas categorias de negócio.
Assumiu a liderança da Zentiva em maio de 2017 e no ano passado, entrou para o Conselho Fiscal da APOGEN. Sente que este novo cargo lhe deu “mais poder” (no bom sentido, claro)?
A Zentiva é associada da APOGEN desde o início e é com muito orgulho que vê a evolução da associação e os frutos do trabalho desenvolvido para a dinamização do negócio em Portugal. Entrar para o Conselho Fiscal da APOGEN é algo que me deixa muito lisonjeada. Não considero que me tenha trazido mais poder, mas sim mais responsabilidade uma vez que todo o trabalho desenvolvido pela associação é fruto da contribuição dos seus associados. Tem sido também uma aprendizagem neste meu processo evolutivo.
O que deve, o consumidor, esperar do futuro dos medicamentos genéricos? Perspetiva alguma revolução no mercado?
Aquilo que se espera, a par com o envelhecimento da população e aumento da incidência das doenças crónicas, é que se tente minimizar o correspondente impacto na despesa dos Estados com a saúde. Outro dos fatores de crescimento deste mercado passará pelo aumento do seu consumo, devido a uma maior informação por parte dos doentes e maior confiança nesta solução.
Na vertente hospitalar iremos assistir a um aumento gradual dos biossimilares e o consequente aumento de quota de mercado, já na área de ambulatório a perda de patente de importantes moléculas, nos próximos anos, contribuirão para que o consumo de genéricos se aproxime da média europeia.
Verifica-se já uma maior diversificação por parte das empresas de genéricos que alargam os seus portfolios para outras áreas, nomeadamente a de medicamentos não sujeitos a receita médica obrigatória e suplementos alimentares.