“Handcrafted ForYou!”

A marca Searib’s tem como core business a construção de embarcações semirrígidas desenvolvidas consoantea
preferência de cada cliente, tornando cada projeto em algo único. Estivemos à conversa com Paulo Rodrigues,
um dos CEOs dogrupo, que apresentou a Searib’s, revelando as estratégias e a competitividade com que
abordam o mercado.

O início da Searib’s resultou do know-how de duas empresas. Em que consistiu a fusão?
Tínhamos uma marca que era a Zarco Barcoeste que foi fundada em 1985 pelo meu pai e pelo pai do meu sócio Gustavo Mateus. Em 2003, o meu sócio Jorge Santiago adquiriu um estaleiro em Viana do Castelo, de seu nome Vianapesca. A Barcoeste dedicava-se, sobretudo, à fabricação de barcos de recreio, ou seja, a embarcações de pequena dimensão até aos seis metros e algumas embarcações para fins militares. A marca Zarco Barcoeste manteve-se de 1985 a 2004. No que respeita à Vianapesca, esta dedicava-se, sobretudo, à construção de embarcações para a pesca em madeira e, nos últimos anos, à construção de embarcações semirrígidas mas de maior dimensão.

Em 2004 conheci o Jorge Santiago e houve, desde logo, uma enorme empatia. Nesse mesmo ano, decidimos constituir a marca Searib’s, que foi fruto da junção das duas empresas. O objetivo foi dar uma dinâmica diferente, porque passámos a ter um conjunto de embarcações muito mais vasto. Usámos novos modelos, o que nos permitiu chegar a outros mercados. Inicialmente, o mercado espanhol, um pouco por influência do Jorge, mas também ao mercado francês e, mais tarde, ao mercado dos organismos públicos, que foi e continua a ser o mercado no qual empenhamos maior energia.
No início não foi fácil, mas a marca foi crescendo. A pouco e pouco fomos ganhando alguma quota de mercado, fomos desenvolvendo mais alguns modelos específicos para determinada área de negócio e a empresa foi ganhando relevância e notoriedade por parte dos utilizadores.

Com o passar dos anos, e com o aumento do volume de negócios e de trabalho, começámos a ter necessidade não só de mais pessoas mas também do próprio espaço, uma vez que a nossa atividade trabalha com moldes e com ferramentas que ocupam muito espaço. Então delineámos dois espaços para exercer a nossa atividade: um em Sobral de Monte Agraço (sede) e outro em Viana do Castelo.
Em 2010, demos os primeiros passos no sentido de criar uma estrutura em Marrocos e assim surgiu o nosso polo em Agadir, a operar de forma permanente há três anos. O Jorge Santiago faz o acompanhamento da equipa constituída por quatro elementos e são eles que dão assistência na costa marroquina. Vamos iniciar uma nova construção no polo de Agadir, uma vez que necessitamos de um armazém maior, face aos meios e acessórios que utilizamos para dar apoio.

Atualmente, somos uma estrutura com 84 pessoas, 45 em Viana do Castelo, 35 em Sobral de Monte Agraço e 4 em Marrocos, dividida entre as áreas administrativa, financeira e técnica.

Para os nossos leitores que não conhecem o vosso trabalho, como descreve o core business da empresa?
O nosso trabalho centra-se na construção de embarcações semirrígidas, embora tenhamos alguns modelos rígidos que utilizamos para a pesca artesanal em Marrocos, e para algum tipo de pesca local em Portugal, nomeadamente nos rios Minho e Lima, para a pesca da lampreia.

As embarcações semirrígidas são divididas por três ou quatro segmentos e são barcos que primam pela sua versatilidade. Temos, por exemplo, no mercado francês um parceiro, para o qual desenvolvemos barcos para pesca desportiva, que são feitos à medida dos seus clientes, no que diz respeito às mais variadas características e configuração.

O mercado de turismo nacional tem sido uma boa aposta, que se tem vindo a traduzir num enorme sucesso. São as Marítimo-Turísticas com as vertentes de passeio na Costa Continental e observação de baleias e golfinhos nos Açores. São embarcações que vão desde os sete metros e meio até aos 17 metros com capacidade para transportar até 50 pessoas. Tem sido um mercado que lideramos de forma consistente e aumentando cada vez mais a qualidade do produto e o reconhecimento por parte dos clientes.

Dispomos ainda de uma gama extremamente vasta que está ligada àquilo que nos é solicitado, em 90% dos casos, através de concursos públicos. São estes organismos que nos vão solicitando embarcações à medida das suas necessidades. Em Portugal, temos vindo a trabalhar de forma contínua com a Autoridade Marítima Nacional e GNR através da UCC (Unidade de Controlo Costeiro). Em Marrocos, também temos trabalhado desde já há alguns anos com a Gendarmerie Royale e com a ANP (Agence Nationale de Ports). Noutros países, os clientes são sobretudo as Marinhas locais e as Entidades responsáveis pelo Salvamento Marítimo.

Para além do nosso core business estar em grande escala em Marrocos, temos vindo a trabalhar com mercados diferentes, nomeadamente: fornecemos algumas embarcações para umas forças de segurança brasileiras; há cinco anos fizemos embarcações para uma força militarizada francesa, através de um outro fabricante. Temos ainda embarcações de salvamento na Guiné Bissau, em Angola, em Santo Tomé e Príncipe e em Moçambique; e por último, estamos a dar os primeiros passos de dois processos, um para a Mauritânia e outro para a Guiné-Conacri.

Desde sensivelmente 2015 que temos um parceiro para a apresentação e execução dos mais diversos concursos. Esta empresa de seu nome Navallethes permitiu-nos aumentar, não só o número de clientes, como nos trouxe a capacidade financeira que, por vezes, é determinante em todo o processo de construção.
Como define a equipa da Searib’s?
Eu sou o responsável pela área administrativa e financeira, enquanto o Gustavo Mateus está na área da produção e desenvolvimento de novos produtos e projetos; quanto ao Jorge Santiago, dedica-se às áreas comercial e institucional, acompanhando a apresentação dos mais diversos concursos.

Por norma, a unidade produtiva de Sobral de Monte Agraço é coordenada pelo Gustavo, da qual fazem parte três pessoas na parte administrativa, desenho e coordenação da produção, e cerca de 30 pessoas na área produtiva, divididas por várias secções de trabalho.

Em Viana do Castelo, na área administrativa, somos cinco pessoas; temos também um elemento na área do desenho, e um outro que colabora na vertente comercial com o Jorge, na preparação dos concursos públicos, algo que nos absorve, cada vez mais, em termos de tempo e de preparação.

Em Marrocos, as pessoas desempenham sobretudo trabalho na área técnica.

Embora o grupo já tenha um número considerável de pessoas, considero que somos uma estrutura de base familiar, que ainda funciona muito na base da colaboração mútua.

Que fatores competitivos estão presentes no vosso dia-a-dia?
Um dos fatores competitivos que temos é que para além de existir, dentro da empresa, pessoas que dominam todo o processo, temos profissionais que nos permitem adaptar facilmente a uma nova circunstância que possa surgir ou desenvolver um modelo novo que o cliente peça. Isto vai de encontro ao nosso lema “Handcrafted for you”, ou seja, conseguimos oferecer um produto com qualidade e oferecemos ao cliente a possibilidade de adaptar à sua medida e fazer as suas próprias escolhas.

Outro fator é querermos que o cliente venha até nós para fazer o acompanhamento da obra e assim verificar se é preciso fazer alguma alteração/melhoria.

Ao longo do tempo, fomos criando uma série de situações e de condições para podermos, mais do que oferecer um barco, oferecer uma série de serviços que permitam ao cliente sentir-se confortável. Não abdicamos do contacto de proximidade e de ir ao terreno. Isso tem dado consistência à marca.

Quais são as estratégias e os objetivos de expansão para o futuro?
As nossas estratégias estão bem definidas. A parte institucional apresenta uma base bastante forte, porque permite-nos ter um trabalho contínuo, até porque existem concursos em qualquer parte do mundo. Já a parte do recreio e do turismo funciona ciclicamente. Embora o nosso foco esteja na parte institucional, gostaríamos que a empresa ganhasse um peso diferente no mercado do recreio, para o cliente que gosta do barco semirrígido. Queremos apostar nessa área. Estamos a trabalhar com um gabinete, no sentido de conseguirmos desenvolver quatro modelos. Um para particulares, e outro na vertente dos Mega Yachts, projeto este que tem como objetivo chegar a um mercado um pouco mais luxuoso.

Para além destas estratégias, temos um concurso a decorrer em Marrocos, que contamos concretizar, para nos dar a tranquilidade para podermos apostar em novas áreas. Conseguimos ainda a adjudicação de 4 novas embarcações para a GNR-UCC, embarcações estas que serão de alguma importância para as nossas forças.