Criada em 1999, Dosmontes – Construção está vocacionada desde o seu início, e em exclusivo, à construção em LSF (Light Steel Framing) ou estrutura metálica ligeira em perfis de aço galvanizado. Francisco Vilhena, administrador da empresa realça como vantagens claras do LSF, a leveza e o baixo custo operacional e energético.
A Dosmontes – Construção foi fundada há 20 anos, dedicando-se desde o início e em exclusivo à construção em LSF (Light Steel Framing). Como descreve e caracteriza este percurso?
Há 20 anos, o LSF e muitos dos materiais que o compõem eram praticamente desconhecidos em Portugal. Não havia certificações energéticas dos edifícios, e algumas pessoas perguntavam para que é que precisavam de isolamento térmico, quando a concorrência não lhes falava nisso. Não foi fácil a divulgação dum sistema construtivo novo quando não havia a capacidade financeira para uma campanha de marketing importante.
Havia já algumas casas construídas, mas a generalidade dos técnicos da construção não conhecia o LSF: arquitetos, engenheiros ou empreiteiros, o cliente final muito menos. Foi então preciso apresentar e divulgar a solução, para isso era preciso construir. Amostras reais do produto seriam a única forma credível de o fazer. Foi um processo lento, com um grande investimento em tempo na divulgação e formação do mercado. Foi fulcral a ajuda e confiança de clientes conhecedores, destemidos e temerários. Com alguns altos e muitos baixos, sucessivos recomeços, e muita persistência; não foi fácil mas valeu a pena.
Foi principalmente graças à reconstrução e reabilitação que a Dosmontes se afirmou, e não tanto na construção de raiz. É na reconstrução que o LSF tem mais trabalho e cativado maior interesse. É uma solução com muitos e sérios argumentos, face a soluções convencionais mais pesadas, mas que obrigam a grandes reforços do existente para o seu suporte, resultando também em maiores cargas no preço.
Como e porquê decidiu apostar neste tipo de sistema construtivo?
Exatamente pela capacidade específica dos diferentes materiais, cada um deles desempenha a função necessária: para a estrutura – o aço, material produzido industrialmente com especificações rigorosamente definidas, largamente empregue em todas as estruturas onde se pretende resistência, durabilidade, fiabilidade, baixo peso e preço; para os revestimentos, placas de grande dimensão e baixo peso, fáceis de aplicar e acabar, com grande rapidez; o isolamento, nas componentes, térmica e acústica, com diferentes materiais, tanto na envolvente exterior sem descontinuidades, como dentro das paredes aproveitando a sua espessura, entre os perfis metálicos.
Vivemos no século XXI, onde se projetam diariamente novos materiais, criados especificamente para as diferentes necessidades. Com o custo da mão-de-obra, felizmente a aumentar, e a disponibilidade da mesma para trabalhos de baixa qualificação a diminuir, há que ser mais eficiente e capaz na montagem. Investir mais na qualificação de quem executa, e nos materiais, é o que deixa valor e fica na posse do cliente, compensando o que se paga. Esta é a forma que julgamos mais correta de trazer qualidade e competitividade para a construção.
Como poderemos definir o conceito de LSF e que mais-valias estão inerentes a este sistema?
O LSF desenvolveu-se como sistema construtivo, essencialmente para resolver dois importantes problemas: a resistência sísmica em regiões suscetíveis; assim como para reduzir o consumo de madeira e florestas.
Na base do princípio construtivo está a repetição, geralmente a cada 60cm, de conjuntos pilar-viga-pilar como elementos resistentes. Com grande elasticidade, fortemente interligados entre si, leves, fáceis de manusear e montar, distribuindo as cargas ao longo de todas as paredes estruturais. Estas paredes descarregam uniformemente as suas cargas em vigas contínuas de fundação em betão armado, menos sobrecarregadas, de menor dimensão e peso, minimizando assentamentos desiguais, porque a pressão no terreno é assim realmente mais uniforme. Não havendo problemas de assentamentos desiguais nas fundações, não haverá fragilidades na estrutura, evitando-se a habitual fissuração das paredes rígidas de alvenaria e betão, e seus inúmeros inconvenientes.
O LSF trouxe para Portugal o sistema EIFS-Capoto, pela necessidade dum revestimento de aparência tradicional, que isola totalmente por ser contínuo, e assim eliminando pontes térmicas, maximizando a eficiência do isolamento.
Outra das vantagens do LSF vem da minimização do desperdício em obra, não só o aço é infinitamente reciclável, como os trabalhos de abrir e fechar roços nas paredes são totalmente evitados com os perfis já furados de fábrica, reduzindo o tempo de obra e a produção de resíduos.
Que projetos poderá destacar do portfólio da Dosmontes – Construção?
O projeto que mais marcou o curriculum da Dosmontes foi realizado em 2011 no Palácio Valada e Azambuja em Lisboa, onde foi feita a ampliação de um piso sobre a biblioteca municipal, em funcionamento durante toda a obra. Reforçámos a laje existente, construímos um piso acima, e refizemos uma cobertura de 20 águas, mais três em cada uma das 20 mansardas construídas de novo ou recuperadas num total de 80 águas. Foi uma obra que obrigou a um crescimento da estrutura produtiva da empresa, representando ainda um marco na implementação e prova da capacidade do LSF na recuperação de edifícios centenários, pré-betão.
Quais são os elementos diferenciadores da empresa num mercado cada vez mais competitivo e globalizado?
A nossa extensa experiência prática e conhecimento do sistema permite-nos encontrar as soluções necessárias e orçamentar corretamente uma obra ainda sem projeto de estabilidade.
Temos também o conhecimento sobre os trabalhos complementares, anteriores e seguintes, deixando na obra as condições necessárias, e transmitindo ao cliente a forma correta de continuar o trabalho com os materiais e processos mais adequados, evitando assim erros caros e desnecessários.
Com os olhos postos no futuro, que metas pretende atingir? Que projetos estão em cima da mesa para 2020?
Embora na reabilitação haja ainda muito trabalho a ser feito, a procura de habitação nova em LSF, é um mercado em crescimento. A produção de uma solução integrada, chave na mão, será um dos projetos a desenvolver, se iremos sozinhos ou em parcerias diversas, o futuro o dirá.