Tiago Amieiro, Diretor Geral da Amgen Portugal, explana o trabalho desenvolvido pela biofarmacêutica e faz um balanço dos cinco anos na liderança que assume um papel fundamental na Investigação e Desenvolvimento de novos medicamentos.
A Amgen foi pioneira na utilização da biotecnologia como base da investigação e desenvolvimento de novos medicamentos. Ao longo destes 40 anos de atividade quais foram as alterações mais determinantes que imprimiram neste setor?
A Amgen, enquanto empresa pioneira e líder em biotecnologia, marcou o ritmo do desenvolvimento de vários produtos biológicos ao longo dos últimos 40 anos. A maioria dos nossos medicamentos foram os primeiros nas suas classes terapêuticas. Salvaram e continuam a salvar vidas, assim como abriram novas fronteiras para o tratamento de doenças graves.
Investimos significativamente em tecnologia, conhecimento e recursos humanos para desenvolver, implementar e otimizar os processos de investigação & desenvolvimento, produção e distribuição de medicamentos de origem biotecnológica em todo o mundo. Cada vez mais temos a certeza que foi um investimento fundamental, pois a biotecnologia é hoje uma importante área na prestação de cuidados de saúde e contribui de forma crescente para a saúde dos cidadãos de todo o mundo. A AMGEN tem esta realidade inscrita no seu DNA. Há 40 anos disponibilizar estes medicamentos nos mercados internacionais mais conservadores, pela inovação disruptiva que trouxeram ao tratamento de algumas doenças, foi uma conquista difícil de alcançar. Os próprios doentes tiveram uma palavra importante a dizer no acesso a medicamentos mais efetivos e os resultados em saúde comprovam-no. Atualmente os doentes ainda esperam meses e, por vezes, anos para terem acesso a estes medicamentos assim como outros medicamentos inovadores. Quando comparamos Portugal com outros países, nomeadamente países Europeus, como Espanha por exemplo, o acesso continua a não ser idêntico, ou seja, para todos os doentes que beneficiariam do acesso a estes medicamentos independentemente do local onde vivem. É este o caminho necessário, de melhoria, que pretendemos percorrer e, para isso, continuamos disponíveis para estabelecer parcerias com as autoridades de saúde para encontrar soluções que permitam resolver este problema.
Até que ponto os medicamentos biológicos apresentam vantagens, a nível terapêutico, ambiental (entre outros), em comparação com os medicamentos produzidos através de processos químicos?
Os produtos biológicos são desenvolvidos, por engenharia genética, para serem altamente específicos para o seu alvo terapêutico. Deste modo há uma minimização de possíveis efeitos colaterais do medicamento, ao mesmo tempo que existe uma potenciação do efeito terapêutico do mesmo. Por outro lado, a sua metabolização e excreção, no corpo humano é muito natural, uma vez que é feita da mesma forma que todos os anticorpos que o ser humano tem originalmente no seu corpo, não provocando nenhuma pressão adicional sobre a ação do fígado ou de outros órgãos, como acontece com alguns medicamentos de síntese química.
A “deCODE Genetics”, subsidiária da Amgen e líder global em genética humana, é uma peça fundamental para a validação e identificação de alvos terapêuticos?
A genética humana foi sempre a base da atividade da Amgen, desde a sua criação. Mesmo o nome AMGEN é construído sobre esse princípio: Applied Molecular Genetics. A deCODE Genetics é uma subsidiária da AMGEN que complementa a informação que já temos nas nossas bases de dados.
É importante reconhecer que a deCODE é uma das bases de dados mais completas do mundo em termos de genética humana. Ao mesmo tempo que tem o mapeamento genético da população da Islândia, permite avaliar, do ponto de vista clínico, quais os efeitos das alterações genéticas registadas na base de dados. E este passo é fundamental para a validação de alvos terapêuticos e para o desenvolvimento de novos medicamentos biológicos direcionados a esses alvos.
Neste momento, existem várias linhas de investigação que já permitiram iniciar ensaios clínicos em seres humanos decorrentes desse trabalho de investigação de identificação de alvos terapêuticos com base na informação da deCODE Genetics. Esta estratégia de desenvolvimento será o futuro da indústria farmacêutica e irá permitir, cada vez mais, um tratamento individualizado do doente.
Atualmente atuam em seis importantes áreas terapêuticas. Pretende alargar este leque num futuro próximo?
As áreas terapêuticas onde a Amgen trabalha estão estritamente relacionadas com as necessidades médicas não satisfeitas pelas tecnologias de saúde atualmente disponíveis e, claro, com o conhecimento científico adquirido pela Amgen ao longo dos anos.
Iniciámos o nosso percurso na hematologia, nefrologia e oncologia. Fomos diversificando para outras áreas como a inflamação, a osteoporose e as doenças cardiovasculares. O futuro continua a ser promissor, quer através de investigação própria, quer através de parcerias externas com universidades, autoridades, e outras empresas.
Há cinco anos assumiu o cargo de diretor geral da Amgen Portugal. Atingiu todos os objetivos a que se propôs quando assumiu o cargo? Aponte as linhas orientadoras e objetivos para o futuro da empresa que dirige.
Foram cinco anos muito exigentes. Foram cinco anos repletos de desafios e oportunidades que abraçamos e concretizámos, contribuindo assim para o crescimento e consolidação da AMGEN em Portugal. Tive o privilégio de, com a minha equipa, lançarmos mais de 8 novos medicamentos em Portugal nas mais diversas áreas terapêuticas que vão desde área Nefrologia, Hemato-Oncologia, Cardiologia, Osteoporose. Apesar da normal perda de patente de alguns dos nossos produtos fundacionais, conseguimos, ainda assim, crescer de forma sustentável e significativa nos últimos anos.
Tão importante como o crescimento e lançamento de produtos é manter o foco na nossa base científica e enquanto líderes mundiais em biotecnologia continuar a investir em informação, conhecimento e desenvolvimento de novos medicamentos, reforçando os nossos investimentos em investigação clínica e não clínica e contribuindo, dessa forma, para uma crescente participação nacional de Centros e respetivos Investigadores em Ensaios Clínicos Internacionais.
Tudo isto só foi possível depois de um processo de reorganização interna, que nos possibilitou crescer em número de colaboradores e unidades, seguido de uma clara assunção das nossas prioridades e da nossa missão: servir os doentes.
Na Amgen todos e cada um de nós tem a nossa missão bem presente. É essa a grande motivação que garante o alinhamento de toda a organização. Falando da organização, devo dizer que para mim o capital humano da AMGEN em Portugal é a vantagem competitiva mais importante desta empresa e o qual tenho o maior privilégio em gerir, até porque as empresas não são apenas um conjunto de recursos, são, acima de tudo, pessoas. É este o DNA desta grande empresa que é vivido pelas pessoas que, como eu, vivem a AMGEN. Isto é muito mais do que um simples cliché.
O futuro e os próximos anos serão obrigatoriamente de consolidação desta transformação, de forma a manter o crescimento da Amgen em Portugal nas atuais e potenciais novas áreas terapêuticas e continuar a fazer a diferença na vida das pessoas que mais precisam. Para atingirmos este objetivo, continuaremos a trabalhar ativamente e em colaboração com todos os agentes de saúde em Portugal.