No mercado desde 2015 e com 17 colaboradores, a Lince Capital, SA detém como principais áreas de negócio a Gestão de Fundos de Capital de Risco e Fundos de Investimento. Em entrevista à Revista Qualidade & Inovação, o CEO Vasco Pereira Coutinho descreve a empresa como uma organização de cariz familiar, com uma equipa multidisciplinar e que planeia elevar o nome Lince Capital pelo mundo fora.
Começaria esta entrevista por nos contar o percurso da Lince Capital, SA.
A Lince Capital, enquanto empresa, nasceu em 2015 mas só começou a funcionar em 2016.
A nossa equipa integra-se num grupo familiar, grupo esse que investiu ao longo de vários anos em diversos setores, daí a vasta experiência. O que eu resolvi fazer, em 2015, foi transferir essa experiência para a constituição de uma empresa e para a gestão de fundos que viéssemos a constituir, de forma a que a experiência fosse utilizada na gestão dos fundos e aplicação dos mesmos em oportunidades de negócio.
Olhando para trás, temos uma história como grupo familiar de vários anos de sucesso. Tivemos altos e baixos, como toda as pessoas têm mas a vida real é a escola. A maturidade é o que trazemos para a nossa Capital e de facto faz bastante diferença. Esse conhecimento é o que trazemos para a constituição da empresa e para a gestão de fundos em si. O crescimento foi gradual e nos últimos anos mais acentuado.
Como descreve uma equipa multidisciplinar como a vossa?
Temos várias pessoas com um know-how em diferentes setores. Um exemplo são os próprios fundos em si em que cada fundo tem uma determinada estratégia desenhada e sempre que entramos numa área específica, trazemos conhecimento do exterior das áreas em que estamos a investir. Isso permite-nos ter opiniões diferentes e que sejam rebatidas com as nossas opiniões para que possamos tomar as decisões mais adequadas.
Dentro da Gestão de Fundos, quais são as áreas de atuação?
Quando lançamos o Fundo, lançamos com o propósito de entrar numa determinada estratégia e setor. Não procuramos ter fundos muito grandes, mas sim mais pequenos para garantir que exista aplicação do dinheiro. Para cada fundo desenhamos uma estratégia. Estamos em vários setores, desde Heatlhcare, IT, Engenharia Industrial, Imobiliário, Hospitalidade. Em qualquer um destes setores entramos numa perspetiva de entrada no capital das empresas. Não precisamos de posições maioritárias, podem ser posições minoritárias mas gostamos de acompanhar de perto os nossos investimentos, gostamos de contribuir com o know-how interno. O objetivo é sempre tentar criar valor nos investimentos que fazemos.
Como caracteriza o perfil das empresas em que investem?
São empresas que embora possam estar numa fase mais complicada e precisem de apoio, mas o real valor da empresa e do produto está lá. Podemos olhar para startups, mais numa fase inicial ou numa altura de business angel’s. São startups que têm ativos reais, ou seja, a empresa não tem só uma ideia mas sim um conjunto de ativos que permitam que seja uma garantia extra ao investimento que fazemos.
Outro exemplo são empresas que já tenham historial de crescimento, que passaram fases difíceis e que tenham de se reinventar para poder continuar a crescer. Também temos casos de empresas que estão a nascer agora, têm boas ideias e precisam de capital para crescer, mas dentro delas já existe algum material desenvolvido.
No mercado estamos a viver um momento em que existem muitas empresas a precisar de apoio e nesse aspeto estamos disponíveis. Gostamos que nos apresentem os projetos e as oportunidades para que possamos analisar e eventualmente entrar nas empresas que precisam de apoio, para que possamos entrar no capital e apoiar no desenvolvimento da empresa. Esta é a nossa forma de estar, muito numa ótica de criar valor e fazer crescer.
Que tipo de intervenções fazem nas empresas?
Temos dois tipos de intervenções: passiva e ativa. Na passiva temos alguém, como se fosse um observador e temos algum controlo na atividade desenvolvida, pois temos que supervisionar o investimento e garantir o crescimento da empresa.
Na intervenção mais ativa, temos alguém na administração ou uma equipa mais vasta para estar na empresa, onde possamos contribuir para o dia a dia no desenvolvimento de novas áreas e produtos.
A Lince Capital está regulamentada pela CMVM e pelas boas práticas de gestão de qualidade. Qual a importância de serem uma empresa certificada?
Penso que devemos ser a única empresa de Capital de Risco com certificação e qualidade ISO 9001. Para além da supervisão da CMVM, que é fundamental para trazer o selo de qualidade certificado, gostamos de garantir que as boas práticas e maneiras de estar na gestão do dia a dia sejam garantidas e seja transversal a toda a equipa. Nesse sentido, apostamos também na certificação ISO 9001 para que a qualidade da gestão esteja presente, o que para nós é muito importante.
Há um conjunto de normas que seguimos de forma a garantir que aquilo que levou os investidores a acreditarem em nós, quando for aplicado, o risco seja minimizado.
De que forma pode um fundo estar qualificado para Golden Visa?
Um fundo para ser qualificado para investidores Golden Visa tem de garantir que a nível de regulamentos de gestão seja claro e que, pelo menos, 60% do seu capital seja investido em empresas portuguesas.
A nossa intenção é que seja 100% investido em empresas portuguesas, porque é o mercado onde estamos inseridos, embora, no futuro, ambicionemos ter uma presença internacional. Investir 100% em Portugal, permite-nos qualificar todos os fundos que tenhamos sobre gestão para Golden Visa.
Para os investidores Golden Visa, quando falam connosco e nos perguntam que fundos é que temos sobre gestão, temos um conjunto de fundos que podemos apresentar, cada um com a sua estratégia, setor e acabam por escolher consoante aquilo com que se identificam mais, e, por vezes, até investem em mais do que um.
Quais são os fatores que vos tornam diferenciados no mercado?
A forma como nos diferenciamos é o facto de termos uma capacidade de decisão muito curta, ou seja, rápida. Considero que somos extremamente bem organizados em termos de strategic making. A nível de apoio exterior, as pessoas que colaboram connosco na análise de oportunidades, são de excelentíssimo valor. Aliás, são fundamentais e ajudam-nos no processo de decisão.
O facto de termos fundos mais pequenos demonstra a nossa diferenciação em querermos fazer o investimento e aplicar o capital e não estamos focados em fundos de gestão demasiado grandes. O nosso objetivo é aplicar o capital, pegar nele e investi-lo e apoiarmo-nos mais no sucesso do ganho do que necessariamente no capital angariado, porque queremos que esse capital cresça.
Outro fator que nos diferencia é a seriedade acima de tudo, garantir que cumprimos com o que estamos a comprometer, cumprir na íntegra todos requisitos de qualidade, ética e conflito de interesses.
O que espera alcançar com a Lince Capital até 2025?
Olhando para o mercado internacional, quero que sejamos uma empresa portuguesa que faça a diferença e que passa a ser um nome de referência. Em 2025 gostava de estar nesse mercado, mesmo que seja uma presença menor.
Queremos ser uma referência no mercado, fazer o nosso trabalho o mais profissional possível e sermos diferenciadores. Temos estado na linha da frente na abordagem ao mercado, nomeadamente em vários aspetos como: fomos os primeiros a apresentar os fundos Golden Visa; na simplificação do processo de subscrição para investidor estrangeiro; incluímos a Interbolsa no processo de depósito de unidades de participação e queremos continuar na linha da frente.